De repente um tiro.
De repente um tiro. Toda a coluna sofre uma modificação. Os carros da frente forçam a subida, acelerando. Os que ainda vão a descer param. Toda a gente salta para as valetas da estrada. Após o tiro, subitamente, cai um silêncio de morte.
Um silêncio profundo que deixa ouvir a respiração ofegante de toda a gente.
Os minutos passam. O silêncio continua profundo, absorvente. Sómente acompanhado pelos outros silêncios que vêm das matas, do capim. Nesse silêncio, se uma folha caísse poder-se-ia escutar o seu ruído.
Ao silêncio dos homens responde o da Natureza. Continuam passando os minutos, até que o comandante da coluna manda avançar, para reconhecimento, uma secção. Os homens levantam-se, calmamente, vagarosamente, com cuidado. Mas decididamente. Penetram na mata. O silêncio só foi quebrado por esse movimento de homens, armas aperradas, prontos a fazerem fogo.
Cerca de meia hora depois, ei-los de volta. Sem nada terem visto. Suados, calmos, conscientes do dever cumprido. Ainda hoje não se sabe qual a origem do tiro.
De Anónimo a 17 de Fevereiro de 2006 às 09:06
Caro Fernando, meu estimado amigo, foi com surpresa e admiração que li o teu blog e te incentivo a blogar sobre tudo o que te preocupa e te dá prazer, porque és uma alma cheia para despejar.
Um abraço.
manuel lima
(http://www.mpablima@sapo.pt)
(mailto:mpablima@sapo.pt)
Comentar: